A atenção para a informação e prevenção dos diversos tipos de câncer que acometem a população está sendo reforçada por projetos que criam datas especiais para a conscientização e combate à doença. Pelo menos duas propostas com esse intuito devem ser analisadas pelos senadores nos próximos meses.
O Projeto de Lei do Senado (PLS) 277/2017 do ex-senador e médico Ronaldo Caiado (DEM-GO) quer que 28 de setembro se torne o Dia Nacional de Conscientização sobre o Câncer de Estômago. A ideia é alertar a população para a existência da doença, quais são seus sintomas, facilmente confundidos com uma gastrite simples, e estimular a realização da endoscopia digestiva, o exame mais detalhado para a detecção da doença, logo quando aparecerem os primeiros sintomas.
Segundo Caiado, os pacientes normalmente se queixam de dor no estômago, sensação de “empachamento”, má digestão e náuseas. Essa semelhança com sintomas de males menores leva muitas vezes ao diagnóstico tardio da doença, já que se evita a investigação sobre o que pode estar ocorrendo.
Estômago
O texto do projeto diz que o câncer de estômago é um dos tumores malignos mais frequentes do mundo, tendo alta incidência no Leste Europeu, Japão, na América do Sul (principalmente no Chile e Colômbia) e na América Central (Costa Rica). No Brasil, dependendo da região, o câncer de estômago varia entre o segundo e o quarto tipo de câncer mais frequente, aparecendo mais entre os homens e nos estados da região Norte.
“O dia de conscientização sobre a importância do câncer do estômago no Brasil visa a ensinar e alertar nossa população a ter seu diagnostico numa fase inicial onde a cura ainda é possível”, explicou Caiado.
Para o senador, ações preventivas são a melhor forma de se evitar o câncer do estômago, além de outros tipos. Alimentos condimentados e defumados estão entres os principais causadores desse tipo de câncer. O baixo consumo de frutas e vegetais frescos também colaboram para o desenvolvimento da doença. A presença da bactéria Helicobacter Pylori no estômago é considerada agente carcinogênico. Condições pré-existentes como familiares com câncer gástrico além de úlceras e algum tipo de gastrite podem favorecer o aparecimento da doença. São informações e detalhes como esses que precisam ser levados ao conhecimento de todos na campanha, informou Caiado.
O texto aguarda relator na Comissão de Educação (CE), onde será votado terminativamente.
Cabeça
Já o Projeto de Lei (PL) 400/2019 determina que julho seja considerado o Mês Nacional do Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço. Pelo texto do deputado Dr. Sinval Malheiros (Pode-SP), os órgãos do poder público deverão elaborar campanhas no mês de julho de cada ano para a disseminação de informações sobre os riscos, os danos, as formas de prevenção, os fatores de risco, as causas de desenvolvimento e de outras informações relevantes relacionadas aos cânceres que afetam as regiões da cabeça e do pescoço.
De acordo com Malheiros, ações com informações sobre essas patologias são uma das formas mais baratas de prevenção e combate. “Ao Estado é muito menos custoso investir em informatização e conscientização popular dos sintomas, riscos da doença e suas formas de tratamento do que aguardar uma subida ainda maior no percentual de casos que atingem a comunidade brasileira”, explicou o deputado em defesa da sua proposta.
Hoje, essa mobilização mensal, uma vez por ano, já é feita com o Outubro Rosa, para a conscientização dos cânceres de mama e colo do útero, e o Novembro Azul, para o câncer de próstata. O texto também aguarda relator na CE.
Câncer ginecológico
A ex-senadora Marta Suplicy (MDB-SP) quer homenagear o município de Jaú (SP) com o título de Capital Nacional da Prevenção do Câncer. Para isso, apresentou o PLS 277/2018. O motivo para isso é o fato de, na década de 1990, a Secretaria de Saúde de Jaú, em parceria com o Hospital Amaral Carvalho, referência em oncologia na América Latina, ter instituído o Programa de Prevenção do Câncer Ginecológico.
Desde então, são feitas na cidade campanhas educativas permanentes, tanto de divulgação quanto de coleta de exames preventivos nas unidades de saúde do Hospital Amaral Carvalho e do Município de Jaú; exames para a detecção precoce do câncer de endométrio; capacitação de profissionais de enfermagem para coleta de colpocitologia; treinamento de agentes comunitários de saúde, para divulgação das medidas preventivas; e mobilizações para a vacinação de adolescentes contra o HPV, vírus que causa a maioria dos cânceres de colo do útero, entre outras ações.
Os resultados do programa entre 2004 e 2015 permitiram a Jaú alcançar o índice zero de mortalidade pelo câncer do colo do útero. Em 1994, esse índice era de 10 mortes a cada grupo de 100.000 mulheres.
“Em decorrência desse exemplar Programa de Prevenção do Câncer, em favor da preservação da vida, o município de Jaú é referência nacional na prevenção e tratamento do câncer ginecológico. Esse título também tem o intuito de incentivar a implantação de ações semelhantes em todos os municípios do país”, explicou Marta no projeto, que também aguarda relator na CE.
Agência Senado
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