Morreu neste domingo, 29, o juiz da Corte Internacional de Justiça Antônio Augusto Cançado Trindade, aos 74 anos.

Atuou como juiz e presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, membro da Corte Permanente de Arbitragem e magistrado, eleito em dois mandatos pelas Nações Unidas, da Corte Internacional de Justiça. Foi consultor jurídico do Itamaraty de 1985 a 1990 e professor do Instituto Rio Branco entre 1979 e 2009.

Com numerosas obras publicadas e prêmios recebidos, conquistou a admiração de seus pares em todo o mundo. Em sua trajetória, permaneceu fiel a seus ideais e, com determinação incansável, deixou como legado uma maior humanização do Direito Internacional.

O ministério das Relações Exteriores emitiu nota ressaltando a admiração pelas qualidades pessoais e profissionais do professor Cançado Trindade,e expressou a seus familiares “os mais sentidos pêsames, com a certeza de que a memória do Professor seguirá viva, em suas obras, em suas ideias e em todas as pessoas que inspirou com seu exemplo”.

História

Natural de Belo Horizonte/MG, graduou-se em Direito, em 1969, na Faculdade de Direito da UFMG. Obteve o título de Mestre em Direito Internacional, em 1973, e o de Doutor (Ph.D.) em Direito Internacional, em 1978, ambos na Universidade de Cambridge. É autor de inúmeras obras, publicadas no Brasil e no exterior. Sua vasta experiência profissional abrange, entre outras funções, as de Professor Titular (Direito Internacional) da Universidade de Brasília, desde 1978, e do Instituto Diplomático Rio Branco do Brasil, desde 1979; professor de Cursos de Direito Internacional, organizados pela Comissão Jurídica Interamericana da OEA; professor no Instituto de Direito Internacional Público e Relações Internacionais de Salônica, na Grécia; Professor Visitante na Universidade de Los Andes (Mérida/Venezuela), no Instituto de Altos Estudios Internacionales da Universidade de Paris-II, na Universidade de Ferrara (Itália), na Universidade de Lisboa, na Universidade de Colúmbia (Nova Iorque) e na Faculdade de Direito da Universidade Tulane (Nova Orleans); conferencista em instituições, nacionais e internacionais, voltadas para o Direito; Juiz, Vice-Presidente e Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos; Consultor Jurídico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil; Presidente Honorário do Instituto Brasileiro de Direitos Humanos. É detentor de numerosos prêmios, medalhas e títulos, entre os quais, o de Professor Honoris Causa da Universidade Nacional Mayor de San Marcos (Lima/Peru).

Manifestação

A Corte Interamericana de Direitos Humanos expressou seu profundo pesar pela morte de Cançado Trindade.

“O juiz Cançado Trindade deixa um verdadeiro legado em nossa região e no mundo inteiro, seu trabalho tem impactado a forma como entendemos hoje o Direito Internacional dos Direitos Humanos. Antonio foi um verdadeiro humanista, sempre colocou as vítimas de violações de direitos humanos no centro de toda ação internacional e sua liderança foi decisiva para a consolidação do Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos. Além disso, como professor e jurista, formou e inspirou milhares de estudantes e profissionais. A Corte Interamericana sempre será sua casa. Sua inteligência, sabedoria e simplicidade são uma fonte de inspiração para todos nós”, destacou o Presidente da Corte Interamericana, Juiz Ricardo C. Pérez Manrique.

Fonte: Migalhas