O corpo do piloto e advogado Sérgio Roberto Alonso, de 74 anos, que morreu na queda, foi velado e cremado em Botucatu

A asa direita do planador que caiu no sábado (6) às margens da rodovia Marechal Rondon (SP-300), no quilômetro 298, entre Lençóis Paulista e Areiópolis, foi encontrada a cerca de dois quilômetros do local do acidente. Além da Polícia Civil, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) também apura o caso. O corpo do piloto e advogado Sérgio Roberto Alonso, 74 anos, que morreu na queda, foi velado e cremado neste domingo (7), em Botucatu. Ele deixou esposa e dois filhos.

A perícia no local da queda teve início ainda no sábado e foi concluída no domingo por técnicos do Cenipa. A reportagem apurou que eles recolheram algumas peças, levadas para exames laboratoriais, e utilizaram um drone para localizar outras partes da aeronave que ficaram espalhadas como, por exemplo, a asa direita, encontrada a cerca de dois quilômetros da fuselagem.

Em nota, o Comando da Aeronáutica informou que a investigação está em andamento e busca prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram. “A conclusão das investigações terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”, declarou.

O ACIDENTE

O piloto Sérgio Roberto Alonso decolou com o planador de matrícula PT-PJD do Aeroclube de Bauru às 13h15 de sábado, com destino a Lençóis Paulista. A queda da aeronave ocorreu por volta das 14h. Nesse intervalo, ele se comunicou duas vezes com o controle em Bauru.

A reportagem apurou que Alonso era piloto desde 1973 e tinha larga experiência em planadores, inclusive no equipamento acidentado. Ele estava com o Certificado Médico Aeronáuco (CMA) válido até outubro de 2024 e o Certificado de Habilitação Técnica (CHT) válido e em dia.

Segundo o registro policial, populares viram quando o planador supostamente chocou-se contra torre de energia elétrica e caiu em uma plantação de cana-de-açúcar. A Polícia Militar (PM) foi acionada e, no local, encontrou os destroços. O Corpo de Bombeiros de Lençóis Paulista retirou Alonso já sem vida do planador.

A Polícia Científica foi chamada para fazer a perícia e o corpo do piloto foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) de Bauru para realização de exame necroscópico. A ocorrência foi registrada no Plantão Polo Regional da Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Bauru como morte acidental e é investigada pela Polícia Civil.

NOTA DE PESAR

O escritório de advocacia Riedel de Figueiredo Advogados Associados, do qual Alonso era sócio, publicou em sua página no Facebook nota de pesar pela morte do advogado. Na postagem, ele foi definido como “profissional extremamente atuante, astuto e criativo” e um “aventureiro nas horas vagas”.

De acordo com a nota, o advogado era um “profissional de notável saber jurídico”, que costumava brincar ao se definir como um “agitador, desde a época da escola”. “Isso porque nunca deixou de defender suas opiniões e, no meio jurídico, teses inovadoras, resultando em jurisprudências para a aviação”, ressalta a publicação.

“Foi um profissional extremamente atuante, astuto e criativo, que muito contribuiu para nosso escritório ao longo de mais de 50 anos. Aventureiro nas horas vagas, seja voando em seu planador ou, anos atrás, quando praticava hipismo, ele deixará saudades e muitos ensinamentos pessoais e profissionais aos que tiveram a honra de conhecê-lo”.

O escritório lembrou que, além de piloto de planador e especialista em Direito Aeronáutico, ele atuou nos maiores acidentes aéreos do país, como os da TAM, em 1996, e da GOL, em 2006, registrando seu nome na advocacia brasileira e tornando-se grande referência no Brasil, e também no mundo, na área de direito aeronáutico.

MARÍLIA MENDONÇA

Alonso atuou como representante jurídico da família de Geraldo Martins, piloto da cantora Marília Mendonça. Os dois e outras três pessoas morreram em um acidente aéreo em novembro de 2021. Em maio do ano passado, o advogado concedeu entrevista a órgãos de imprensa de todo o Brasil comentando o laudo final da investigação sobre o acidente. O relatório não apontou responsabilidades.

Na ocasião da entrevista, Alonso afirmou que o documento da Aeronáutica era favorável ao seu cliente e confirmava a tese de que o avião teria batido por falta de sinalização dos cabos de energia da linha de transmissão de uma companhia energética de Minas Gerais. Além da cantora e do piloto, morreram na queda do avião o produtor Henrique Bahia, o assessor e tio de Marília, Abiceli Silveira Dias Filho, e o copiloto Tarciso Pessoa Viana.

Fonte: Sampi
Foto: Reprodução/redes sociais