Aos 22 anos, Everton Mello já sente os efeitos causados por trabalhar desde os 12 anos de idade. Dores nas costas, nas pernas e o abandono da escola no 2º ano do Ensino Médio são algumas das consequências que se acumulam na vida rapaz. No início, suas atividades envolviam a laminação de pneus agrícolas, três anos depois, passou a trabalhar com produtos químicos usados para manutenção e limpeza de aparelhos de ar-condicionado, atividade que exerce há quase uma década. A história de Everton é mais uma das tantas que impulsionam as estatísticas do trabalho infantil.
Em Mato Grosso, estado com 8ª colocação no ranking nacional com número proporcional de crianças trabalhando, existem cerca de 60 mil casos, segundo dados do IBGE. Ainda penso em voltar para escola… Milena da Silva, hoje com 20 anos, também convive com as consequências de ter começado a trabalhar ainda muito jovem. A fome a levou, aos 15 anos de idade, a procurar trabalho em uma loja de conveniência para comprar comida para ela e a irmã. Dois anos depois, ela, que na época fazia curso técnico de segurança do trabalho, ficou grávida. Com uma criança pequena e poucos recursos, a escola não pode mais ser uma opção de vida para ela. Everton e Milena são alguns dos milhões de personagens da vida real que enfrentam as consequências do trabalho precoce em seu dia a dia.
Everton já tentou por três vezes voltar a estudar e concluir o Ensino Médio, mas sem sucesso. Milena também alimenta o sonho de retomar os estudos, no entanto, encontra dificuldades já que possui baixa qualificação profissional e hoje precisa se desdobrar entre os cuidados com o filho pequeno, a atual gravidez e as faxinas diárias para garantir o sustento de sua família. Para sensibilizar a sociedade sobre realidades como essas, o TRT/MT irá promover a 2ª Corrida do Trabalho, uma prova de rua que ocorrerá dia 1º de maio, com o tema Diga Não ao Trabalho Infantil.
A ação traz à tona o assunto do trabalho precoce e, ao mesmo tempo, estimula a prática de uma vida saudável e permite uma maior interação. A Justiça do Trabalho é um ramo transformador, que promove a distribuição da justiça. Para reforçar isso, estamos realizando ações que congregam, como a Corrida do Trabalho, um momento de aproximação entre magistrados e servidores e também com a sociedade, conclui a presidente Eliney Veloso. Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região