Para 37%, a perda do emprego é o principal motivo para atraso nas contas. Já 25% dos entrevistados indicaram o descontrole financeiro.
Um em cada quatro brasileiros que não conseguem pagar as contas diz que se descontrolou na hora de gastar. Esse é o resultado de uma pesquisa da Boa Vista SCPC, que traçou o perfil do inadimplente. O desemprego continua sendo o motivo principal do atraso das contas, mas a falta de organização financeira já é tratada como o vilão do devedor.
Depois de 21 anos trabalhando na mesma empresa, Maria Trindade, de 57 anos, executiva de negócios, foi demitida. A partir daí a vida dela virou de cabeça pra baixo. Ela entregou a casa onde morava, porque não tem mais dinheiro para pagar o aluguel. Os dois filhos, maiores de idade, se mudaram. Um foi morar com o pai e o outro com um amigo. Ela está morando de favor na casa de uma amiga e também pegou dinheiro emprestado com o irmão para pagar parte das dívidas.
Agora, Maria faz bicos para quitar o financiamento do carro que está com três parcelas atrasadas: “Me oferecendo para trabalhos de levar e buscar a pessoa para fazer exames, shows, o que a pessoa precisar. Essa situação é triste, muito triste. Um período difícil e tô buscando alternativas agora”.
A pesquisa traçou o perfil dos inadimplentes e 37% deles apontaram a perda do emprego como o principal motivo para o atraso nas contas. Já 25% indicaram o descontrole financeiro. Gente que sai gastando e depois não tem como pagar.
Da viagem a Natal ficaram as boas lembranças e uma dívida de R$ 6 mil, parcelada em dez vezes. A empregada doméstica Claudecya de Oliveira e o marido, o soldador Ednaldo de Oliveira, não planejaram as férias de janeiro deste ano e até agora sofrem para pôr as contas em dia. “Quando a gente voltou e começou a pagar as contas fui me enrolando mesmo”, conta Claudecya. “Tivemos que pagar as passagens que a gente viajou e daí começou a atrasar todas as contas também”, completa Ednaldo.
Quase todas as contas da família estão atrasadas: água, luz, celular, loja de roupas. Só o aluguel está em dia e consome quase a metade da renda do casal. Claudecya pediu um empréstimo para a mãe de R$ 3 mil: “Quando eu receber o 13º já vai tudo pra ela”.
A pesquisa mostrou ainda que o endividamento aumentou de 30% para 36% entre os consumidores com renda de até três salários mínimos.
O Jornal Hoje convidou a consultora financeira Daniella Casabona para analisar as contas de Claudecya e Ednaldo. Ela explica que não tem outra saída, tem que renegociar as dívidas e reduzir despesas: “Tem que tentar cortar os gastos ou aumentar a renda. A gente sabe que tentar aumentar a renda é muito mais difícil que cortar os gastos. Então, tem que tentar evitar sair comprando roupas, alimentação fora, tentar parcelar o menos possível, porque vira uma bola de neve”.
Fonte: G1
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